domingo, 28 de agosto de 2022

Ansiedade, ócio e falta de tempo.

Escrito por: Jonathan de Freitas Sales

    Fico extremamente chocado com a falta de tempo que temos atualmente. Não sei se no passado também costumava ser assim, pois ainda sou jovem enquanto escrevo esse texto, mais especificamente tenho 24 anos de vida. Resumindo, fui engolido pelo boom tecnológico do novo milênio. Hoje, em 2022, estamos completamente cercados de conteúdos, me refiro especialmente à internet. Netflix e outros streamings. Youtube, Twitter, TikTok, algumas das maiores redes sociais e reprodutores de vídeos do mundo. Se você tem um smartphone, com certeza está dentro desse ciclo infernal, que mesmo que não queira fazer parte, ainda assim faz. Se não tem um smartphone, seja por escolha ou por falta de dinheiro, as pessoas que os tem, farão questão de alertá-los sobre tudo o que está acontecendo no mundo. E, ao meu ver, é muita coisa para digerir ao mesmo tempo.

    Vinte e quatro horas num dia parece pouco para os indivíduos do século XXI, estudar, trabalhar, namorar, cuidar de um filho, arrumar a casa, fazer comida, ter algum tipo de lazer, ler um livro, utilizar o maldito smartphone e suas redes sociais, se informar sobre as últimas notícias, política, economia, futebol e por aí vai. Qualquer pessoa que pense em fazer todas essas atividades em apenas um dia, ou já está completamente perturbada, ou vai ficar. Eu sinceramente tento pensar que não estou pertubado. Já estive nessa posição de querer fazer tudo ao mesmo tempo dentro das 24 horas que temos durante o dia. Porém hoje, tento ver o tempo de forma mais abstrata, não como o dia normal (manhã, tarde e noite), mas como um todo. Um dia de infinitas horas em que posso realizar várias atividades ao mesmo tempo sem me preocupar com cumpri-las de imediato num só período de tempo determinado.

    Quando assumimos o fato de que não temos tempo de fazer tudo o que queremos nessa vida, algo muda, ainda não sei exatamente o que. Mas você para de se importar com coisas pequenas, sem valor, sem importância. Por exemplo, querer ver todos os filmes de sucesso que são lançados nos cinemas, acompanhar todas as novelas da globo, ler todos os best-sellers, é literalmente impossível andar junto com o ritmo da produção capitalista. O mesmo serve para a vida comum, poucas pessoas conseguem conciliar trabalho, estudo, relacionamentos e lazer nos dias de hoje, tão conturbados pela tecnologia. Chega um certo ponto que a vida comum se mistura com a vida digital, todos estão ao mesmo tempo conectados em carne e osso e conectados pelas telas de aparelhos eletrônicos móveis.

    Antes de continuar com minha teoria, quero mostrar-lhes um rápido exemplo do meu próprio dia: acordei 08h00; tomei café com cuscuz e ovo; continuei a leitura “A Guerra dos Tronos”; joguei multiversus no meu playstation 4; ajudei minha mãe com algumas atividades dentro de casa; ajudei um amigo do meu pai a consertar seu celular que estava com a bateria danificada; almocei; assisti um episódio de Better Call Saul e depois outro de Only Murders in the Building; fui convidado para um show de stand-up comedy e aceitei sem hesitar; fui; encontrei alguns amigos; dei algumas risadas; voltei. E agora estou escrevendo esse texto, um pouco chateado e um pouco perplexo, pois queria fazer muito mais coisas.

    Porém, enquanto escrevo isso, são 00h43 da manhã e já tomei meu calmante para dormir, em mais ou menos meia-hora estarei dormindo (assim espero). E de fato, preciso dormir, mas algo dentro de mim não quer. Algo dentro de mim quer ficar acordado realizando atividades sem parar, revezando entre estudar, ler, jogar, procurar vagas de emprego no Riovagas, até mesmo alguns trabalhos de freelancers. Além disso, tenho que aproveitar o final das férias da universidade para buscar horas complementares, que também dependem de tempo para serem realizadas, o próprio nome já é bastante sugestivo.

    Eu reclamo, protesto, mas tenho que reconhecer alguns dos meus privilégios. Sou um homem solteiro, com poucos relacionamentos de amizade. Não sou pai de família, no máximo um tio que não convive com seu sobrinho. Estou desempregado e a única coisa séria que faço é justamente a universidade e meus estudos além do campo acadêmico. Esse texto serve mais como um desabafo, sinto-me por vezes sufocado, tentando nadar contra a maré e infelizmente falhando todos os dias.

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