sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Poetinha de Bel

Vivo em um lugar destruído.

Moro, literalmente, no fim do "mundo".

O "mundo" identificado com a beleza, com a liberdade, com a paz:

Esse mundo eu desconheço.


Belford-Roxo, Xavantes... 

Alguém conhece?

Alguém já ouviu falar?

- Talvez, apenas, por conta da violência...


E eu, que só queria ser poeta...

Eu, que vivo nesse triste e feio lugar,

Onde as flores morrem por causa da poluição, 

Onde as pessoas cortam árvores para passarem concreto no chão.

Eu, que queria nascer em um lugar onde a vida valesse alguma coisa.

Em algum lugar onde bichos e árvores valessem tanto quanto pessoas...


Mas me vejo nesse mundo perdido num canto abandonado,

lugar onde as pessoas não encontram razões para viver, para escrever, para lutar,

para amar...


Quero amar, quero viver, quero fazer o mundo um lugar mais bonito.

Quero paz, mas não a paz do cemitério, quero a paz da rede ao vento, quero a paz da vida alegre consigo mesma...


O que tenho, porém, é o cheiro de podridão do valão a céu aberto que passa pela minha rua...

O que tenho é o cheiro de gasolina da fumaça dos caminhões de carga que passam cuspindo nuvens negras de poluição...

O que tenho é a vida amarga e os dias amargos causados por viver a única vida que tenho e terei por toda eternidade, nesse lugar terrível, tétrico, apocalíptico.


Escrito por: Matheus de Freitas


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2 comentários:

  1. Caotico o suficiente pra ser chamado de poesia e poético o suficiente pra não ser considerado caos... parabéns irmão 🚀🍷

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